sábado, 10 de setembro de 2016

Você não gosta do seu chefe? O que fazer?


Caro leitor,

Uma das coisas que vou tentar fazer através do blog é dividir um pouco de minha experiência e aprendizado no mundo corporativo, para que os mais jovens não venham a cometer os mesmos erros e também tentar ajudá-los com as experiências positivas.  Então vamos lá...
Você já notou quantas pessoas reclamam de seus chefes? Não só nos blogs, mas em qualquer lugar físico também: no café da empresa, no happy hour com os colegas, em casa com sua família, e, em alguns casos até para o psicanalista ou psiquiatra.
 
Há muito tempo atrás, quando tinha muito menos maturidade profissional e ainda estava na base da organização, cheguei a ter relações conflituosas com alguns chefes. E, acredite, isso nunca me trouxe nenhum benefício, muito pelo contrário.  Cheguei a “botar tudo a perder” em minha primeira empresa, onde passei de um “High Potential”, ou seja, a bola da vez, a alguém colocado de escanteio por não ter tido a paciência necessária para esperar meu momento e ter entrado em conflito com a chefia.

Desde o início de minha carreira, sempre busquei a excelência técnica, mas não era muito preocupado com o lado comportamental e de relacionamentos dentro de uma empresa. Formado em Engenharia, sempre acreditei que se fosse excelente em minha função, as portas de cima se abririam facilmente. Mas na prática não é bem assim.

Toda empresa é feitas de pessoas. E todos têm interesses ali dentro, muitas vezes conflitantes.  Desta forma as pessoas vão se agrupando na organização, se aliando com quem tem interesses parecidos, com quem tem mais afinidade ou por outras razões. Daí surge o que deveria ser somente a política, no bom sentido, mas que vira a politicagem. Geralmente leva tempo para os mais novos perceberem esse grande “jogo”, e muitas vezes já se dão mal simplesmente por demonstrarem algum comportamento que desagrade a esses grupos.

O problema fica ainda maior quando entramos no lado psicológico da questão. Em maior ou menor grau, as pessoas querem se sentir reconhecidas ou valorizadas. Ter o sentimento de pertencer a um grupo, acreditar nas mesmas coisas, nos mesmos valores. Isso é bem básico do ser humano e acredito que se forma na adolescência. Sem falar ainda dos casos extremos: pessoas extremamente carentes de atenção, outros que viveram fortes traumas fora dali, e tem sempre uma porcentagem de psicopatas mesmo.
Agora pense no seu chefe. Como você acha que ele navegou em meio a esse caos de pessoas e conseguiu subir?  No mínimo, ele soube tirar mais vantagem dessa situação. Soube fazer o “jogo” da organização. Soube se comportar como a organização espera.  E o que você acha que ele espera do seu comportamento, que seja muito diferente do dele?
 
Basicamente, o que o chefe espera de você é: DÊ RESULTADO e NÃO GERE PROBLEMAS. Mas lembre-se: isso é o básico e não garante que você vai ganhar aumento ou ser lembrado para uma promoção.  Para esse segundo passo ele tem que gostar de você. Quando digo gostar de você, não é gostar somente do seu trabalho. Ele vai ter que confiar em você como pessoa também, e para isso você deverá ter valores e um comportamento parecidos com os dele. Além disso, você deverá ser bem aceito por outras pessoas além do seu chefe, pois hoje em dia para promover alguém em uma empresa, muitas vezes você será avaliado por seus clientes internos também, e até pelo chefe do seu chefe.

De forma resumida, os conselhos abaixo valem para qualquer pessoa que trabalhe ou busca trabalhar no mundo corporativo, especialmente para aqueles que já não gostam do chefe:

1. Toda organização (ou empresa) funciona da maneira que descrevi acima. SE VOCÊ NÃO ACEITA que tem que criar relacionamentos e se comportar conforme o que a empresa espera (e não o que você acha que é certo) CAIA FORA LOGO, pois só irá se frustrar e possivelmente entrar em conflito com alguém;

2. Se você tem problemas com seu chefe, ou não gosta dele: SEU CHEFE NÃO VAI MUDAR POR SUA CAUSA. Ele só está preocupado se você entrega o serviço esperado e não gera problemas.

3. Se você passar a ser um PROBLEMA PARA SEU CHEFE, ELE VAI DAR UM JEITO EM VOCÊ. Vai tentar se livrar do “problema” (você).

4. Se você causar qualquer outro tipo de problema, que não seja conflito direto com seu chefe (pode ser com outra pessoa), dependendo da repercussão do problema, isso passa a ser problema do seu chefe – então retorne para o item 3 acima.

Hoje tenho uma posição gerencial e muita sorte de não ter tido problemas como esses, pelo contrário, tenho ótimo relacionamento com minha equipe.
Porém, tenho a oportunidade de participar de reuniões onde muitas pessoas têm seus comportamentos avaliados e ocasiões onde outros gestores expõem todos os tipos de problemas de comportamentos de seus funcionários: aqueles que os desafiam e fazem de tudo para tumultuar o ambiente, aqueles que trabalham abertamente para derrubá-los. Enfim, todo o tipo de problema.
Já vi gestor “pedindo a cabeça” de muita gente, sem ao mesmo estas pessoas saberem. Vi pessoas serem encostadas, outras transferidas “na marra” para outras áreas, tudo isso porque entraram em conflito com seus superiores.
Apesar de minha posição, tenho superiores também, e sei que sou constantemente avaliado. Então tomo bastante cuidado para não me tornar um “problema” para eles.

Moral da história:

1. O mundo corporativo é daí para pior, o jogo é esse. Se você vive reclamando do ambiente desgastante, do assédio do chefe opressor, das rodinhas de fofoca e pessoas querendo te puxar o tapete, ou seja, todo esse “blá-blá-blá” que falam em muitos blogs: pense bem se vale à pena continuar. Pois conforme você progride na carreira a tendência é piorar.

2. Como em muitas situações da natureza você tem duas alternativas: LUTAR OU FUGIR.